"Somente a Razão Impede o Homem de Voar"

terça-feira, 8 de junho de 2010

SE EU PARAR, QUEM VAI SEGUIR EM MEU LUGAR?


Já faz algum tempo que não escrevo algo direto para ser postado exclusivo para o blog. Até mesmo os textos e poesias que cá são postado também foram repentinamente deixado de lado. Sempre imaginei que viveria uma vida onde a literatura e a entrega total a ela seria sempre minha prioridade. No entanto, hoje me vejo postando poesias como que entre um hiato de dias corridos e cansativos, tão corridos e tão cansativos que me rendem bons frutos aos bolsos e nada a alma.

Estou doente. A princípio, imaginei que fosse alguma dessas doenças que matam lentamente, que corroem o corpo e definham os ossos, depois, pensei que pudesse ser algo menos dramático porém não menos ruim. E como me falta tempo até para olhar para o céu e me inspirar diante da beleza e perfeição de cada dia, demorei a procurar um médico.

Minha maior surpresa foi que obtive por 3 especialistas, o mesmo diagnóstico, o qual me recusei tacitamente a aceitar. Estou com pneumonia, isso não é novidade, afinal, para os que me conhecem pessoalmente sabem que tenho nervos de aço, mas pulmões de cristal, ao menor dos ventos, me vejo entre antibióticos e severos tratamentos para melhorar a respiração que fica brutalmente atingida.

Mas quanto a pneumonia, tudo bem, já até me acostumei a dizer oi pra ela anualmente ou até semestralmente. Mas de acordo com os médicos, o que causou a pneumonia foi a baixa imunidade do meu corpo, que além de enfrentar o cansaço e a correria do dia a dia, está sofrendo os resultados da dor da alma, sim, mais uma vez, estou com uma baita crise de depressão. Tão forte, tão severa, tão injusta como todas as outras que já tive. E ao contar pros poucos que precisavam saber que eu estava acometida desta doença que de acordo com especialistas será o mal do século, muitos dos que me ouviram, logo esboçaram aquele ar de: ___"depressão não existe, isso é frescura". Ok. Pode até não existir pra você, porque pra mim, ela está aqui, e dói, mais do que a pneumonia, mais do que um osso quebrado, um corte profundo, mais do que qualquer mal que já tive. A depressão é silenciosa, anda de meias pela casa pra não fazer barulho e não acordar ninguém ai quando notamos, ela já está aqui, alojada, invadindo o território, se apossando do que não é dela de direito.

Infelizmente, não se vive só de literatura neste país, infelizmente mesmo. Porque este sempre foi meu sonho. Então, pra me sustentar, tive que recorrer a um plano "b" e assim, me tornei uma advogada criminalista, especializada em crimes virtuais e crimes praticados contra os costumes. E como as leis mudam com a mesma frequência que uma perua muda de roupa, estudar é uma palavra de ordem. Assim, me desdobro entre idas aos fóruns, cartórios, atendimento a clientes, elaboração de peças processuais, diligências em delegacias, audiências intermináveis e cursos complementares, pós graduação e tantas outras coisas que me enfadam e levam embora as horas dos dias que imaginei que viveria meramente para meu deleite de escritora (bobagem!).

Mas essa noite eu não consegui dormir porque um pensamento me roubou o sono: "algo que enche meu bolso, mas deixa minha alma vazia, vale a pena mesmo assim"? Difícil responder. Se eu deixar de advogar, sei que por dia centenas de novos advogados entram famintos em busca de um lugar ao sol no disputadissimo e cruel mercado de trabalho, então, se eu parar, sei que haverá quem siga em meu lugar. E na literatura? Bem, o que eu escrevo, vem da minha alma, eu só escrevo o que sinto, nunca me forço a escrever o que está "na moda", ou o que agrada pra "vender" bastante. Sou honesta neste ponto acima de tudo e acima de todos comigo mesma. Mas a olhar por ai, também há tantos que escrevem e que da maneira como eu, somente transcrevem ao papel o que a alma transborda que também sei que se eu parar, haverá quem siga e escreva sobre sentimentos similares aos meus. Ninguém é insubstituível, seja no direito, seja na literatura, mas na vida de cada um, ai sim somos insubstituiveis. Se eu, Sabrina, parar, seja lá em que aspecto for, sei que pra alguns eu farei falta, sei de alguns que vão lastimar e sentir minha falta, sei que pra estes, eu não poderei jamais ser substituída.

Sei também que este post deve estar totalmente "non sense", mas devido a quantidade exacerbada de antibióticos, antialérgicos, antitérmicos, anti... que estou tomando, sentido mesmo, não teria explicação alguma se fizesse aqui.

Eu amo escrever, e não gostaria nunca de me tornar uma escritora que só posta seus textos e poesias no blog nos raros momentos que tem para fazê-lo. Queria que isso fosse algo constante em minha vida. E talvez possa ser, quem sabe o que falta é eu parar, e organizar melhor o meu tempo. Afinal, quando a gente quer, tudo se encaixa, pra viver uma vida plena, basta só a gente querer e batalhar por ela, nada nos vem a mão de graça e é por isso mesmo que a gente dá tanto valor a cada coisa que constrói.

Talvez seja uma boa hora para mudar, para fazer mudanças... bem... eu já fiz tantas ao longo da vida que não custa nada tentar mais essa vez.


Parar? Não, obrigada.

Eu vou seguir, e só em frente, sempre!


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