As invasões bárbaras ainda me chocam.
Morrer ainda me choca, embora eu evite ao máximo pensar na morte, no que vem depois, no findar, no obscuro, no desconhecido, no irrefutável.
Fazer amigos ainda me choca, conhecê-los, dividir meu mundo com eles, doar parte de mim.
A paixão ainda me choca, o fato de eu não controlar o que penso ou o que sinto por outrem.
Tornar alguém eterno em minha vida ainda me choca. Me faz sentir o peso que temos como responsabilidade por nos entregarmos mesmo sabendo que possivelmente não receberemos nada em troca.
A indiferença, esta sempre me choca. A indiferença dos estranhos, dos conhecidos, a indiferença para com os velhos e para com as crianças, a indiferença com o nascer do sol, com as nuvens no céu, com o mar, com o canto dos pássaros, com as flores do jardim, com as árvores que margeiam os caminhos nossos de cada dia, a indiferença por sí mesmo.
A vida, ah! A vida, esta ainda me choca, me espanta, me alvita os olhos. Hoje eu sou, amanhã sabe-se lá não mais serei.
Se tudo é um, se tudo tem um propósito, se tudo tem inicio, meio e também um fim, sempre haverá com o que nos surpreender, com o que nos agraciar, com o que sonhar.
Carrego a imagem de cada um comigo, carrego os sorrisos, os gestos belos, as palavras doces e os olhos de ternura. Carrego dentro de mim toda a magia do mundo, o encantamento de viver.
Sou grata por tudo que tenho, por todos que conheci e por tudo que possuo.
Sou grata pela vida que me sorri a cada vez que respiro.
Sou grata por todas as paixões que já tive, por todos os beijos calorosos, pelos toques suaves e por todas as noites em que não adormeci sozinha.
Sou grata pela grandeza do universo e pela bondade de quem o rege.
Sou grata por nunca deixar de ser grata.
Por sempre me permitir, por viver ao máximo, por viver tudo o que quero, por não esperar, mas por fazer.
Sou grata por ser quem sou, por ser como sou.
Ainda me choca o quanto a vida pode nos surpreender em uma bela noite de quarta-feira da qual não se espera nada, a não ser viver.
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