ENTREGUE-SE

Eu já escrevi vários textos sobre o amor, sobre o que é, como é,  e como é bom senti-lo.  A vida inteira eu pensei que soubesse alguma coisa sobre o amor, como se eu tivesse tudo decorado pra uma prova, como se eu tivesse fórmulas, mapas, guias e várias placas pelo caminho, até que eu me dei conta de que quanto mais certa eu estava sobre o amor, mais longe eu estava de realmente senti-lo.
Hoje sei, não existem fórmulas, não existem guias, mapas, direção, não existe bússola que nos mostre onde está o amor, de onde vem o amor e para aonde ele vai. Talvez seja por isso que ate aqui eu nunca fui realmente feliz, eu nunca me dei conta de que o amor é livre, é sincero, é belo, é espontâneo, e não há receitas para ele, não há que se prever como será.

O amor é tão imprevisível, que só amamos realmente quando há em nós uma entrega total, uma entrega ao desconhecido, ao improvável, ao inimaginável. Eu até arriscaria dizer que, só realmente amamos, quando nos deixamos perder  o controle, sermos  guiados e não mais guiarmos. Quando abrimos mão de toda nossa prepotência e arrogância em querer dominar os nossos sentimentos, quando nos libertamos das amarras da busca pela perfeição, é exatamente ai que começamos a viver o amor, pois, assim, damos margem ao acaso, ao destino para que este cumpra seu papel e nossas vidas.

E ainda que você seja tão cético a ponto de dizer que não acredita em destino ou no acaso, eu te digo que você pode denominar como quiser, chamar do que for, mas que algo de extraordinário acontece quando nos libertamos, isso é irrefutável.

Então, se hoje eu pudesse te dizer algo, te dar um conselho, ou somente compartilhar alguma coisa com você, eu diria: perca-se, pois, ao perder-se o amor te encontrará. Não se prenda a regra, a perfeição, a métodos, a estatísticas, não se prenda a ilusões, deixe que a vida te guie até o lugar onde você deverá estar, entregue-se, e sinta o verdadeiro amor nascer dentro de você.