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quarta-feira, 8 de abril de 2009

CAMALEÔNICOS


Camaleão: O Camaleão (família Chamaeleonidae) é um animal de uma família de répteis escamados, e uma das mais conhecidas famílias de lagartos. Há cerca de 80 espécies de camaleões, a maior parte delas na África, ao sul do Saara. Os camaleões são conhecidos por sua habilidade em trocar de cor conforme o ambiente, por sua língua rápida e alongada, e por seus olhos, que podem ser movidos independentemente um do outro. O nome "Camaleão" significa "leão da terra", e é derivado das palavras gregas Chamai (na terra, no chão) e leon (leão). É um lagarto bastante antigo, já que há registros fósseis de camaleões desde períodos tão longínquos quanto o Terciário.
Publicada por Ambientalistas em
11/02/2007 10:27:00 AM

Esta semana pude aprender, entender e perceber que na vida existe muito mais do que o maniqueísmo de bom e mal, do certo e errado, do mocinho ou vilão. Toda história tem pelo menos duas versões. Todo mundo, por melhor ou mais verdadeiro que seja, tem duas caras. Alguns fazem questão de mostrá-las, sendo elas condizentes com os padrões de “certo” ou “errado”, outros, displiscentemente procuram se esquivar, se esconder por aqui e por ali, e passam meio que camuflados por ai, como animais que se camuflam na natureza para evitar o ataque dos inimigos. Estas pessoas por vezes, parecem ser as mais corretas diante da sociedade, fazem o “jogo” de forma certinha, dizem o que todos esperam ouvir, se vestem como todos querem ver, vivem como todos imaginam que deva viver, pelo menos é o que as aparências dizem.
Mas nem tudo é aparência, e toda regra tem várias exceções.
No fundo, estas pessoas digamos “camaleônicas”, são tão culpadas ou tão inocentes quanto qualquer outro. Só que elas não são claras, não são óbvias, tem um visgo em si que dificilmente conseguem ser pegas, presas, seguradas. Elas sempre dão um jeito de escapar, de fugir quando são cercadas, questionadas quanto a qualquer coisa. Têm um olhar rápido, astuto, inquieto. Falas rápidas na hora de se justificarem, na hora de se defenderem. São totalmente hábeis de mudarem de comportamento conforme o local em que estão, conforme a situação que se apresenta, literalmente, dançam conforme a musica. Pessoas assim não surgiram hoje, existem desde que Deus criou o primeiro homem na terra, e existiram sempre, pois fazem parte da história, sem elas, o nosso mundo não seria tal como é. E qual é mesmo o nosso mundo?
Suas vidas são verdadeiros mistérios, são ocultas, são enigmáticas, são caladas. Não as julgo. Eu não sei o que vai dentro delas, não sei qual a dor que carregam, quais os sentimentos verdadeiros que nutrem, quais os pecados que já cometeram ou cometem, quais os verdadeiros caminhos que percorrem, nunca vejo os rastros dos passos delas, embora as vezes eu quase consiga encontrar um pouco da areia que fica na sola do sapato, ou marcas de pés suados pelos pisos da vida.
Quem são estas pessoas? Porque preferem se esconder a dizer quem realmente são, a ser mostrarem como realmente são. Entre o inferno e o céu existe a terra, e entre cada um de nós existe uma porção mágica que nos iguala, e que ao mesmo tempo nos difere, isso se chama comportamento, isso implica em vida, isso é a vida.
Acho estranho pensar no porque de alguém preferir se calar, se omitir, se esconder, ao invés de erguer a voz e gritar pra quem quiser ouvir: sim, foi eu, assumo meu erro. Ou então, como posso pensar que é fácil fazer este discurso meio que improvisado visando apenas a garantia e o conforto de uma sentença dada por nós que nos tornamos juízes na hora que nos encontramos diante de um fato que foge aos nossos padrões. Somos juízes, promotores, acusadores, testemunhas, e muitas vezes, nós mesmos sentenciamos e aplicamos a pena. Vivemos sob uma lei democrata em nosso país, mas pera lá, que hipocrisia é essa, na verdade todos sabem muito bem que a única lei que vige em nosso mundo é a lei de Talião: olho por olho, dente por dente e vida por vida. Somos sempre os primeiros a aplicarmos esta lei, a exigir o cumprimento dela, quando nos sentimos injustiçados, ou atemorizados.
O incomum assusta, amedronta, nos gela. Porque no fundo, como podemos saber que armas usaremos pra combater aquilo que não conhecemos?
Na vida, como eu já disse, existem os que julgamos “bonzinhos” e os “mauzinhos”, os que agem certo e rente a linha da sociedade, e os que agem errado e por isso vivem a margem da sociedade. O problema é que esta linha é tão tênue, tão imaginária, tão imprecisa, que jamais poderemos ao certo saber se o certo que julgamos, na verdade não caberia no lado errado, ou vice versa.
Minhas ideias são fracas, talvez até tolas, mas quantas vezes olhei ao meu redor e vi só injustiça, calcadando minhas conclusões nos paradigmas de certo e errado que trago de berço. Será que nestas vezes, eu julguei certo? Será que condenei corretamente? E ainda, será que a pena que apliquei, foi a mais justa??? Mas eu? Justa? Não. Eu não posso. Eu não sou. No fundo, sou camaleônica também, no fundo, tenho duas, três, ou até mais caras. No fundo sou tão errada quanto qualquer outro que eu já tenha julgado nestes anos de vida que tenho. Basta olhar ao lado e perceber que eu erro, peco, cometo infrações e quem sabe, até delitos, não uma vez só na vida, mas no dia a dia dessa louca jornada.
Estou certa em julgar? Estou certa em tomar partido e me dizer opositora aos camaleônicos? Creio que não. Se eu não os entendo, é porque no fundo devo ser como eles. Eu sou um deles. E quem sabe, todos nós camaleônicos, não agimos assim por não conseguirmos controlar os nossos monstros interiores, os nossos medos, os nossos próprios eus.
Só posso esperar que um dia, eu encontre mais pessoas que entendam que a vida não é composta simplesmente de sim e não, de certo e errado, de bom e mal, até deveria ser assim, mas não é. E não sendo, como poderei julgar quem se esquiva pelas margens da vida?

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