
Certa manhã acordei e antes mesmo que eu abrisse meus olhos me dei conta do mais óbvio que há no mundo: eu vou morrer. Não que eu esteja doente, ou que eu saiba que alguém irá me assassinar ou que eu seja a próxima condenada a cumprir uma pena de morte. Não é nada disso.
Eu vou morrer porque inevitavelmente estou viva e me dei conta de que esta á a única certeza que possuímos, a certeza de que vamos morrer.
Então me levantei assustada, corri até o espelho e vi uma face cansada, um rosto pálido com um semblante infeliz e amargo. Eu vi no espelho a imagem refletida de alguém que não sei bem quando surgiu, esse alguém não fazia parte de mim até bem pouco tempo atrás. Senti pena de mim mesma.
Depois voltei para o quarto e insaciavelmente meus olhos buscavam por luz, foi quando então eu olhei para a janela, no entanto só vi janela e cortina. Eu não vi o céu. Eu parei por alguns instantes, bem rapidamente e olhei para o meu lado, depois olhei para a cama e olhei novamente para o lado e notei que eu estava sozinha, a cama estava vazia. Mas o fato é que a cama sempre está vazia. Eu sempre estou sozinha. Não me sinto só, mas eu sou uma pessoa sozinha.
Às vezes tenho vontade de gritar, de pedir para que o mundo se cale, às vezes tudo me irrita, nada faz sentido, mas como sempre me calo. Ser sincero é o pior dos defeitos. Eu pensei em ligar o rádio e ouvir alguma música ou talvez colocar um cd para tocar, mas naquele momento, nada cairia melhor que a exatidão do silêncio.
Um erro é medido pela proporção do estrago que causa, um dia pelas horas que se passam, e uma vida? Como se calcula o tempo exato de uma vida?
Tudo o que posso afirmar é que eu não tenho respostas para minhas duvidas, na verdade sei tão pouco diante de tudo que há para se saber, mas o fato é que eu me dei conta de que o mundo já estava aqui antes de mim, e que certamente estará depois que eu partir.
Partir? ...
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