
Já era tarde quando ele abriu os olhos. Inutilmente tentou se esquivar daquela situação como se de algum modo isso fosse possível, mas ao olhar para o lado, percebeu que estava deitado em uma cama que não era a sua, rapidamente, em fração de segundos percorreu atentamente com os olhos cada centímetro daquele quarto. Havia um quadro grande, como uma espécie de mural fixado à parede com várias fotografias, algumas em cores, outras em preto e branco, também notou que a cama estava posicionada na lateral da janela que era coberta por uma cortina azul grossa, e que por não estar tão bem fechada, deixava que um rastro de luz entrasse pelo quarto, mostrando já ser tarde, pois o sol parecia está forte fora da li. Havia também uma estante, com vários livros, talvez centenas, algumas peças de roupas jogadas pelo chão, dentre essas reconheceu a própria camisa, rapidamente olhou por debaixo do edredom e notou que estava nu, no canto esquerdo havia uma penteadeira de madeira, parecia ser uma antiguidade dessas que se compra em antiquários, em cima dela haviam vários perfumes, maquiagem, um longo colar de pérolas e uma caixinha de música, o quarto todo era pintado de um tom bem suave de bege. Tolice! Como se bege já não fosse um tom suave.
Definitivamente, ele não agüentava mais a espera por respostas, sua cabeça doía o que o fez lembrar que na noite anterior havia bebido bastante, tanto que por mais que tentasse não conseguia saber quem era a mulher misteriosa de costas largas, cabelos longos e negros, pele morena e perfumada que estava deitada ao lado dele. Então, como um rato fugindo da presa, ele se levantou suavemente, seus gestos eram tão lentos e silenciosos que parecia estar agindo em câmera lenta, tudo isso para evitar que a desconhecida acordasse. Ao sair da cama, conforme seus passos davam em direção a porta do quarto ele ia achando suas peças de roupas, vestiu-se rapidamente, e antes de sair por aquela misteriosa porta, notou que dentro do quarto haviam três portas iguais. Por um instante lembrou de alguns dos livros de detetive que lia na adolescência, todos sempre tinham algum tipo de enigma, tal como aquelas três portas. Qual delas seria a saída do quarto? Seria alguma a porta do banheiro? É, possivelmente, mas e a terceira porta? O que seria? Pra onde iria? Porque três portas em um quarto que tinha uma só janela? Essas eram perguntas cujas respostas eram demasiadamente complexas, quanto mais ele tentava pensar, mais sua cabeça doía. Só havia um jeito de saber no que as três portas dariam, ele teria que abri-las, se desse sorte, poderia acertar e logo na primeira encontrar a saída, caso contrário, teria que tentar de uma em uma.
Ele então respirou fundo, ergueu a cabeça, e andou em direção a porta que julgava ser a da saída, afinal, era onde estava mais próximo a sua camisa, sutilmente levou a mão até a maçaneta para abri-la, nesse instante seu coração palpitava tão forte e tão alto que parecia poder ser ouvido em outro país. Finalmente, abriu a porta por completo, era um ambiente escuro, misterioso, afinal, quando não se conhece um lugar, tudo nele se torna misterioso. E tudo o que é misterioso, enigmático, e possivelmente perigoso costuma atrair a atenção dos seres humanos, isso é fato. Ele então entrou no cômodo misterioso. Presumindo tratar-se de um banheiro, já que não via luz para ser a saída, tentou pela lateral da porta achar algum interruptor quando entrou, mas sua tentativa foi em vão. Foi então que em um ato desesperado, colocou um dos pés à frente em direção ao cômodo, automaticamente uma luz acendeu, não tinha interruptor, pois o cômodo tinha um sistema de sensor de presença. Ao entrar seus olhos não podiam crer no que viram: todas as paredes era revestidas por espelhos, do teto até o chão, era como se ele visse quatro dele ao mesmo tempo, sob uma luz forte, tão intensa que quase o cegava, mas aos poucos, os olhos acostumaram com a mudança brusca de claridade e ele finalmente pode enxergar os detalhes de tal cômodo, na verdade, ele jamais saberia dizer do que se tratava, pois até então, nunca havia visto algo assim. Não havia ali qualquer tipo de móvel, somente paredes com espelhos enormes. Em todos os espelhos, havia algo escrito com caneta hidrocor preta, eram frases, mas que juntas formavam um texto, ou talvez uma história, sabe-se lá, ele não tinha certeza, estava cada vez se sentindo mais confuso, pois afinal, quem usaria espelhos para escrever e ainda por cima, teria um espaço só pra isso, e deixaria fechado com porta e tudo? Seria a mulher misteriosa uma escritora? Uma jornalista? Ou só uma louca que ao invés de usar um diário convencional de papel preferiu escrever em paredes espelhadas?
Como achar respostas pro que parece ser impossível, inimaginável. E como estar em um lugar com tanta coisa escrita e não se atrever a ler uma linha se quer. Ele já exausto de lutar contra si mesmo na tentativa inútil de relutar em não ler o que estava nos espelhos, acabou sucumbindo e lendo uma frase que estava bem a sua frente. A frase dizia o seguinte:
___ Nunca deixe que os outros digam que seus sentimentos não são verdadeiros. Acredite, ninguém tem esse direito.
Após ler aquilo, por alguns instantes ele teve a certeza de que era um diário, mas a frase embora simples, o fez pensar em várias coisas. Ele na hora lembrou de uma vez que esteve apaixonado e não foi correspondido, ao invés de simplesmente dizer que não gostava dele, que não sentia o mesmo que ele, a moça preferiu olhar em seus olhos e dizer que o que ele sentia não era amor, que certamente estava confuso, somente atraído por ela e que isso haveria de passar assim que conhecesse outra garota. Ele se lembrou do quanto sentiu por ver alguém em sua frente esmigalhando seu coração como se fosse vidro caindo ao chão. Como ela poderia saber, julgar, afirmar, dizer isso a ele? Como poderia pensar que os sentimentos dele não eram verdadeiros, na certa, ela deveria falar por ela, somente por ela mesma, mas nunca, jamais, ousar dizer qualquer coisa assim a respeito dos sentimentos dele.
Pior que uma paixão não correspondida, é uma paixão destruída. Ainda mais destruída por quem se está apaixonado. Ele levou dias, semanas, meses na verdade pra parar de sentir como se escorresse sangue de seu próprio peito, como se ela tivesse arrancado dali com as próprias mãos seu coração e jogado em algum lugar, sabe-se lá aonde, sabe-se lá como, só o que ele sabia era que a dor era muito forte, insuportavelmente forte. Dizem que há vários tipos de dores que sentimos, acredito mesmo nisso, mas de todas as dores que o seu humano é capaz de sentir, a pior delas é a de uma desilusão do amor. É uma dor causada por uma ferida que jamais cicatriza. Pode até ser que pare de sangrar no decorrer do tempo, mas sempre ficará ali, em carne viva, exposta aos impactos que a vida nos causa, o menor dos esbarrões, o menor dos contatos, já é o suficiente pra fazer sangrar, e voltar a abrir de novo o que na realidade nunca se fechou. Feridas de paixão nunca saram, nunca param de sangrar. Uma única frase escrita no espelho de uma desconhecida o fez sentir como se novamente estivesse ali, naquele exato instante em que tudo isso ocorreu, era como se ele pudesse ouvir o som da chuva forte caindo sobre eles, sentindo a água molhar seus corpos, naquela rua deserta, escura, uma rua que dava de esquina entre o terminal de uma linha de ônibus e uma outra rua que tinha uma academia de dança, de manhã e a tarde, ou mesmo no comecinho da noite era sempre uma rua movimentada, mas as três horas da manhã ficava completamente vazia. Ele se sentiu ali novamente, vivendo e ouvindo e sentindo tudo o que sentiu naquela noite, foi como uma regressão, seu corpo estava ali diante dos espelhos, mas sua alma, saiu dali e voltou pra aquele lugar naquela exata hora. E ao se dar conta disso, ele começou a pensar em tudo o que poderia, em tudo o que deveria ter feito, ter dito a ela como resposta, pensou em várias formas de feri-la também, de revidar a ofensa, pensou em como seria bom ter pagado com a mesma moeda, naquele instante, ele pensou em como seria bom se por um só instante tudo aquilo fosse o contrário, como seria enorme o prazer dele ao vê-la sentir dor, essa dor tão forte e inexplicável que ele havia sentido. Ele imaginou como seria vê-la sangrar, ajoelhada no chão, implorando desesperadamente para que ele não fosse embora, se agarrando as migalhas de esperança que ainda pairavam em seu peito, enquanto ele, virava as costas e ia embora, sem sentir nada, sem dizer mais nada, sem nem ao menos se importar, certo de que tudo aquilo ali haveria de passar antes mesmo que a chuva que os encharcava acabasse de cair, sim, ele se imaginou como sendo um carrasco frio e agindo contra ela, a pessoa que o fez sangrar e sofrer por tanto tempo.
E assim por alguns instantes ele se viu ali deitado no chão, olhando pro teto do quarto misterioso de uma desconhecida imaginando como teria sido se fosse o contrário a situação que o fez endurecer o coração e petrificar a própria alma. Mas isso durou só um momento, um breve instante, tão pouco, e tão pequeno que mal deu para que ele recriasse a cena por completo em sua cabeça, porque antes que seu cérebro fosse capaz de recriar a situação colocando-o no lugar da pessoa que tanto o fez mal, seu coração, mesmo ferido, mesmo ainda marcado por aquela noite, disse silenciosamente a ele: que o amor, por ser amor, por si só basta. E por ser amor, por ser real, não suporta em si ver a dor de quem se ama. O amor é tão forte, vivo e real, que jamais seria capaz de fazer com que a vingança o alcançasse. O amor é bom, não pratica o mal. E por isso, ele sabia que mil vezes preferiria viver de novo tudo aquilo, passar por toda aquela dor novamente do que por um só segundo saber que ela sentiria algo assim, mesmo sabendo que ela não seria sua, que não o amava e que desdenhava de seus sentimentos, ele desejava que os passos dele sempre a conduzissem a caminhos belos e floridos, a dias ensolarados com nuvens brancas no céu, que fosse feliz, seja lá com quem ela escolhesse. Ele não seria capaz de desejar mal a ela, não, ele nunca seria capaz disso. Ele então respirou fundo, secou uma lágrima que desceu sobre seu rosto e pensou no quanto aquela frase teve impacto sobre ele, que maneira astuciosa e pragmática aquelas palavras tinham pra dizer sucintamente tudo o que ele sentia e não sabia expressar.
Ele pensou consigo que se uma dia pudesse dar um conselho a alguém, certamente seria esse: Nunca deixe que os outros digam que seus sentimentos não são verdadeiros.
Definitivamente, ele não agüentava mais a espera por respostas, sua cabeça doía o que o fez lembrar que na noite anterior havia bebido bastante, tanto que por mais que tentasse não conseguia saber quem era a mulher misteriosa de costas largas, cabelos longos e negros, pele morena e perfumada que estava deitada ao lado dele. Então, como um rato fugindo da presa, ele se levantou suavemente, seus gestos eram tão lentos e silenciosos que parecia estar agindo em câmera lenta, tudo isso para evitar que a desconhecida acordasse. Ao sair da cama, conforme seus passos davam em direção a porta do quarto ele ia achando suas peças de roupas, vestiu-se rapidamente, e antes de sair por aquela misteriosa porta, notou que dentro do quarto haviam três portas iguais. Por um instante lembrou de alguns dos livros de detetive que lia na adolescência, todos sempre tinham algum tipo de enigma, tal como aquelas três portas. Qual delas seria a saída do quarto? Seria alguma a porta do banheiro? É, possivelmente, mas e a terceira porta? O que seria? Pra onde iria? Porque três portas em um quarto que tinha uma só janela? Essas eram perguntas cujas respostas eram demasiadamente complexas, quanto mais ele tentava pensar, mais sua cabeça doía. Só havia um jeito de saber no que as três portas dariam, ele teria que abri-las, se desse sorte, poderia acertar e logo na primeira encontrar a saída, caso contrário, teria que tentar de uma em uma.
Ele então respirou fundo, ergueu a cabeça, e andou em direção a porta que julgava ser a da saída, afinal, era onde estava mais próximo a sua camisa, sutilmente levou a mão até a maçaneta para abri-la, nesse instante seu coração palpitava tão forte e tão alto que parecia poder ser ouvido em outro país. Finalmente, abriu a porta por completo, era um ambiente escuro, misterioso, afinal, quando não se conhece um lugar, tudo nele se torna misterioso. E tudo o que é misterioso, enigmático, e possivelmente perigoso costuma atrair a atenção dos seres humanos, isso é fato. Ele então entrou no cômodo misterioso. Presumindo tratar-se de um banheiro, já que não via luz para ser a saída, tentou pela lateral da porta achar algum interruptor quando entrou, mas sua tentativa foi em vão. Foi então que em um ato desesperado, colocou um dos pés à frente em direção ao cômodo, automaticamente uma luz acendeu, não tinha interruptor, pois o cômodo tinha um sistema de sensor de presença. Ao entrar seus olhos não podiam crer no que viram: todas as paredes era revestidas por espelhos, do teto até o chão, era como se ele visse quatro dele ao mesmo tempo, sob uma luz forte, tão intensa que quase o cegava, mas aos poucos, os olhos acostumaram com a mudança brusca de claridade e ele finalmente pode enxergar os detalhes de tal cômodo, na verdade, ele jamais saberia dizer do que se tratava, pois até então, nunca havia visto algo assim. Não havia ali qualquer tipo de móvel, somente paredes com espelhos enormes. Em todos os espelhos, havia algo escrito com caneta hidrocor preta, eram frases, mas que juntas formavam um texto, ou talvez uma história, sabe-se lá, ele não tinha certeza, estava cada vez se sentindo mais confuso, pois afinal, quem usaria espelhos para escrever e ainda por cima, teria um espaço só pra isso, e deixaria fechado com porta e tudo? Seria a mulher misteriosa uma escritora? Uma jornalista? Ou só uma louca que ao invés de usar um diário convencional de papel preferiu escrever em paredes espelhadas?
Como achar respostas pro que parece ser impossível, inimaginável. E como estar em um lugar com tanta coisa escrita e não se atrever a ler uma linha se quer. Ele já exausto de lutar contra si mesmo na tentativa inútil de relutar em não ler o que estava nos espelhos, acabou sucumbindo e lendo uma frase que estava bem a sua frente. A frase dizia o seguinte:
___ Nunca deixe que os outros digam que seus sentimentos não são verdadeiros. Acredite, ninguém tem esse direito.
Após ler aquilo, por alguns instantes ele teve a certeza de que era um diário, mas a frase embora simples, o fez pensar em várias coisas. Ele na hora lembrou de uma vez que esteve apaixonado e não foi correspondido, ao invés de simplesmente dizer que não gostava dele, que não sentia o mesmo que ele, a moça preferiu olhar em seus olhos e dizer que o que ele sentia não era amor, que certamente estava confuso, somente atraído por ela e que isso haveria de passar assim que conhecesse outra garota. Ele se lembrou do quanto sentiu por ver alguém em sua frente esmigalhando seu coração como se fosse vidro caindo ao chão. Como ela poderia saber, julgar, afirmar, dizer isso a ele? Como poderia pensar que os sentimentos dele não eram verdadeiros, na certa, ela deveria falar por ela, somente por ela mesma, mas nunca, jamais, ousar dizer qualquer coisa assim a respeito dos sentimentos dele.
Pior que uma paixão não correspondida, é uma paixão destruída. Ainda mais destruída por quem se está apaixonado. Ele levou dias, semanas, meses na verdade pra parar de sentir como se escorresse sangue de seu próprio peito, como se ela tivesse arrancado dali com as próprias mãos seu coração e jogado em algum lugar, sabe-se lá aonde, sabe-se lá como, só o que ele sabia era que a dor era muito forte, insuportavelmente forte. Dizem que há vários tipos de dores que sentimos, acredito mesmo nisso, mas de todas as dores que o seu humano é capaz de sentir, a pior delas é a de uma desilusão do amor. É uma dor causada por uma ferida que jamais cicatriza. Pode até ser que pare de sangrar no decorrer do tempo, mas sempre ficará ali, em carne viva, exposta aos impactos que a vida nos causa, o menor dos esbarrões, o menor dos contatos, já é o suficiente pra fazer sangrar, e voltar a abrir de novo o que na realidade nunca se fechou. Feridas de paixão nunca saram, nunca param de sangrar. Uma única frase escrita no espelho de uma desconhecida o fez sentir como se novamente estivesse ali, naquele exato instante em que tudo isso ocorreu, era como se ele pudesse ouvir o som da chuva forte caindo sobre eles, sentindo a água molhar seus corpos, naquela rua deserta, escura, uma rua que dava de esquina entre o terminal de uma linha de ônibus e uma outra rua que tinha uma academia de dança, de manhã e a tarde, ou mesmo no comecinho da noite era sempre uma rua movimentada, mas as três horas da manhã ficava completamente vazia. Ele se sentiu ali novamente, vivendo e ouvindo e sentindo tudo o que sentiu naquela noite, foi como uma regressão, seu corpo estava ali diante dos espelhos, mas sua alma, saiu dali e voltou pra aquele lugar naquela exata hora. E ao se dar conta disso, ele começou a pensar em tudo o que poderia, em tudo o que deveria ter feito, ter dito a ela como resposta, pensou em várias formas de feri-la também, de revidar a ofensa, pensou em como seria bom ter pagado com a mesma moeda, naquele instante, ele pensou em como seria bom se por um só instante tudo aquilo fosse o contrário, como seria enorme o prazer dele ao vê-la sentir dor, essa dor tão forte e inexplicável que ele havia sentido. Ele imaginou como seria vê-la sangrar, ajoelhada no chão, implorando desesperadamente para que ele não fosse embora, se agarrando as migalhas de esperança que ainda pairavam em seu peito, enquanto ele, virava as costas e ia embora, sem sentir nada, sem dizer mais nada, sem nem ao menos se importar, certo de que tudo aquilo ali haveria de passar antes mesmo que a chuva que os encharcava acabasse de cair, sim, ele se imaginou como sendo um carrasco frio e agindo contra ela, a pessoa que o fez sangrar e sofrer por tanto tempo.
E assim por alguns instantes ele se viu ali deitado no chão, olhando pro teto do quarto misterioso de uma desconhecida imaginando como teria sido se fosse o contrário a situação que o fez endurecer o coração e petrificar a própria alma. Mas isso durou só um momento, um breve instante, tão pouco, e tão pequeno que mal deu para que ele recriasse a cena por completo em sua cabeça, porque antes que seu cérebro fosse capaz de recriar a situação colocando-o no lugar da pessoa que tanto o fez mal, seu coração, mesmo ferido, mesmo ainda marcado por aquela noite, disse silenciosamente a ele: que o amor, por ser amor, por si só basta. E por ser amor, por ser real, não suporta em si ver a dor de quem se ama. O amor é tão forte, vivo e real, que jamais seria capaz de fazer com que a vingança o alcançasse. O amor é bom, não pratica o mal. E por isso, ele sabia que mil vezes preferiria viver de novo tudo aquilo, passar por toda aquela dor novamente do que por um só segundo saber que ela sentiria algo assim, mesmo sabendo que ela não seria sua, que não o amava e que desdenhava de seus sentimentos, ele desejava que os passos dele sempre a conduzissem a caminhos belos e floridos, a dias ensolarados com nuvens brancas no céu, que fosse feliz, seja lá com quem ela escolhesse. Ele não seria capaz de desejar mal a ela, não, ele nunca seria capaz disso. Ele então respirou fundo, secou uma lágrima que desceu sobre seu rosto e pensou no quanto aquela frase teve impacto sobre ele, que maneira astuciosa e pragmática aquelas palavras tinham pra dizer sucintamente tudo o que ele sentia e não sabia expressar.
Ele pensou consigo que se uma dia pudesse dar um conselho a alguém, certamente seria esse: Nunca deixe que os outros digam que seus sentimentos não são verdadeiros.
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