"Somente a Razão Impede o Homem de Voar"

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

QUANDO O AMOR ACABA

Há alguns anos eu conheci um homem, e eu me apaixonei, ou melhor, nós nos apaixonamos um pelo outro. Tudo o que faltava nele, eu tinha, e tudo que faltava em mim eu encontrava nele, parecia que cada espaço do meu corpo foi feito pra encaixar no dele, eu me sentia segura entre os braços dele, aos poucos, nos tornamos mais que amantes, nos tornamos amigos. E isso era ótimo, ter com quem conversar, com quem dividir minha vida, fazer planos, sonhar, viver.
Mas ele não era brasileiro, e ainda por cima morava em outro Estado,  viaja sempre pro país de origem, e nestes hiatos, eu me sentia triste, sozinha, ainda que nos escrevêssemos 10 vezes por dia, nunca era o suficiente, eu queria estar junto, eu queria que a distância fosse algo transponível.
Ele nunca tinha vindo ao Rio, e certa vez me disse: "Você poderia ser meus olhos, poderia fotografar a cidade que tanto ama pra que eu possa vê-la através da sua paixão". Pronto, bastou isso, e eu comprei uma câmera, fiz um cursinho destes bem curtos, e comecei a fotografar, e aos poucos, deixou de ser só casualmente, eu podia sair de casa e esquecer as chaves, mas a câmera jamais. Eu mostrava pra ele coisas do meu dia a dia, os lugares por onde eu andava, os amigos que eu tenho, o trabalho que eu tinha, eu mostrava a minha vida, e assim, até ficava mais "suportável" aguentar a distância.
Aos poucos, passamos a nos ver com menos frequência, ele cada vez mais longe, e eu, nem sempre podia ir até onde ele estava, e assim algo foi murchando, perdendo a cor, o sabor, a alegria, meu sorriso sumiu... percebi nesta época que havíamos nos tornado grandes amigos, e no meio disto, havíamos perdido a paixão que nos incendiava no inicio.
E assim, o tempo passou...
Há duas semanas ele veio ao Rio, quando nos encontramos, foi como encontrar um amigo, não um amor. Passamos ótimos dias juntos, mas não havia mais aquele brilho em nossos olhares, aquela garganta seca, aquela vontade de se agarrar o tempo todo, estas coisas que fazemos quando estamos envoltos em uma paixão.
O nosso amor acabou... eu não sei quando, nem porque, não posso culpar só a distância, nem ao desgaste, porque dizem que o amor resiste a tudo, e o nosso deveria ter resistido também. Não sei se foi ele ou se foi eu... mas o fato é que acabou. E agora, toda vez que olho pra câmera, toda vez que tiro uma foto, que leio Proust, que ouço Milles Davis, que assisto 2 and 1/2 man, que vejo uma xilogravura, ou melhor, toda vez que respiro, sinto um vazio... falta ele aqui dentro de mim. E justo agora tem tanta coisa nova acontecendo na minha vida, tanta coisa boa pela qual eu lutei e que eu queria tanto compartilhar com ele... eu sinto que nada disso tem valor, porque ele não estará aqui, ele nem saberá o que está acontecendo... eu tentei de tudo, mas as vezes me pergunto se meu 'tudo' foi mesmo suficiente, quem sabe se eu tivesse tentando mais um pouco ele ainda estaria aqui...

Hoje eu vejo o quanto é triste quando o amor acaba.

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